2 de out. de 2010

Sobre feras e homens




Os homens vieram com seu ódio e seu poder,
Atearam fogo, derramaram seu veneno letal sobre os campos inocentes.
Morreram bichos e plantas, pássaros e flores, calcinados pela ganância humana.
Maltratadas e assustadas, as indefesas aves das matas se refugiaram na agitação das cidades,
Inquietas, perplexas, se indagando sobre a fera terrível que levantara a mão sobre seu lar.
Uma fumaça mortífera subiu do horizonte, levantando suas asas tétricas no azul do céu que escureceu.
O dia se fez noite.
A luz se fez trevas.
E o ódio cobriu de cinza e negro os campos onde deveria reinar a luz.
Cobriu de palhas negras as cidades.
Cobriu de negro o coração dos bons, enlutados pela dor da natureza...
Tristeza, desesperança, morte...
Mas enquanto os homens se perdiam perplexos em seus porquês
A primavera- tão esperada!- veio repentina com sua força poderosa
Derramando sobre os campos feridos sua chuva benfazeja
Ressuscitando a vida e renovando a esperança.
A fera homem semeou ódio
A mão divina veio derramando a cura com suas águas abundantes
O cheiro vivo do verde substituindo o odor maléfico das queimadas.
E a besta fera humana se curvou ante a poderosa mão do Criador
Porque finalmente Setembro chegou...
Porque enquanto houver um resto de amor no coração de uns poucos homens
Setembro sempre virá...