11 de dez. de 2011

Manhã de domingo



Abrir os olhos, espreguiçar na cama.Sensação de leveza.Na janela,  uma luz suave. Um bem-te-vi grita estridente no jardim. Bandos de pardais assanhados festejam a manhã cintilante. A rua sem movimento, só o barulho da brisa nas plantas.Uma preguiça boa, uma serenidade absoluta me invade.
De repente, vindo de longe, se espalha no ar  um som de sinos, o padre chamando para a missa das nove na matriz.




Levanto. O gato Nino me encara do tapete com seu olhar de esmeralda.Abro a janela e a brisa branca da manhã azul invade o quarto,  balançando a cortina, levantando nos ares o tecido transparente.Um raio de sol brinca na parede, acaricia as flores da  jardineira na janela  e vem se deitar travesso sobre a cama.


As margaridas do jardim me sorriem. O bem-te-vi me sorri do galho mais alto da roseira vermelha, aos gritos assanhados na manhã sedosa.

O gato Nino se revira no tapete, estica os braços, as pernas, num movimento suave está de pé, cheira o ar com seu nariz de veludo negro.Parece farejar extasiado o perfume de todas as auroras. Vem juntar-se a mim na janela, deixando-se banhar pela luz. O bem-te-vi insiste no seu canto agudo, chama sua companheira que responde ao longe. Num salto gracioso, um bailarino espanhol negro e aveludado, Nino salta para o jardim e num segundo já esta perseguindo uma joaninha que voa assustada pelo ar cristalino, depois da chuva de tantos dias.


Meu olhar se demora preguiçoso no céu azul lavado, dourado pelo sol desta manhã eterna. Uma alegria serena me invade,  feliz de estar viva neste momento. Minha alma sorri para o Criador. 


Me jogo de volta no edredom, uma vontade de ficar ali, preguiçosamente desfrutando da música dos sinos, da brisa fresca, do cheiro das flores, do grito do bem-te-vi que, a esta altura, já se distanciou.
Ouço vozes que falam suaves na cozinha. De repente um cheiro bom de café inunda a casa e apesar da porta fechada,  chega até o quarto, cheiro de infância, cheiro de família, de vida. Minha alma canta. Posso ver a mesa  posta, a toalha quadriculada de azul e branco, o pão recém assado vindo da padaria da rua de baixo, o leite nas xícaras, as frutas cuidadosamente arrumadas na cestinha de vime. Sorrio para mim mesma. Minha alma é aquele canteiro de margaridas brancas do jardim, nesta primavera risonha. É  isto a felicidade?  Manhã de domingo...

Um comentário:

  1. Domingo de manhã é tudo de bom,ainda mais se puder ficar na cama até tarde.Gostei do texto.
    Mário

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