2 de abr. de 2010

Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem...


A sexta-feira santa para mim é momento de recolhimento e reflexão. Penso em Cristo, tão doce e humilde, tão duramente castigado por nossos pecados, moído pelas transgressões humanas, no alto do Gólgota, no auge de seu sofrimento, ainda intercedendo pelos Homens. Fico imaginando a força descomunal desse Homem-Deus, que poderia num momento, com todo o poder que dEle emanava, ter descido da cruz ali mesmo e destruído todos os seus inimigos.Por que não o fez? Por obediência a seu Pai ( "Pai, se for possível, passa de mim este cálice...") e por amor aos Homens, pecadores que somos desde o início, separados que éramos da graça do Pai.
Infelizmente, até hoje, poucos são que compreendem a grandeza deste momento, que Cristo renunciou a toda sua glória e majestade que tinha junto de Deus, para tornar-se Homem como nós, para nos compreender, sofrer nossas dores, nossas angústias, nossos medos. Ele não precisava disso, mas o fez por nós. E o que fazem os homens neste dia?Ao menos neste dia, deveríamos meditar nesse grande amor, e agradecer em adoração pelo que Ele fez.Mas todos estão muito ocupados com suas próprias vidas. É preciso ocupar o tempo, usufruir de cada minuto que o feriado proporciona. Uns vão trabalhar, que "tempo é dinheiro", dizem. Com isto, abrem-se mercados e lojas, praças de alimentação e lazer. Outros vão à busca de entretenimento, descem enlouquecidos às praias, lotam cinemas e teatros...Há alguns, principalmente os mais jovens, que nem sequer sabem o significado desta data, aumentam o som do carro enquanto curtem o churrasco com os amigos, entorpecidos de cerveja e música de qualidade duvidosa. Nada contra o trabalho, lazer, música... Todos precisamos disso. Mas hoje, ao menos hoje, acredito que as pessoas deveriam parar um pouco a correria insana que é nossa vida e refletir sobre o significado desta data. Não é preciso extremos como no tempo de meus avós, em que as pessoas sequer podiam cuidar de suas casas, que o rádio só tocava música instrumental, que as crianças eram ensinadas a não falar alto, que comer carne era proibido. Não é isto que Deus quer de nós. Mas um pouco de reflexão é necessário, um pouco de reverência, de quietude, de nos esvaziarmos de nós mesmos e nos enchermos de Deus. É tempo de voltarmos para nós mesmos e fazer uma avaliação de nossa vida, para onde estamos indo...
Enquanto isso, Cristo continua lá, do alto de seu calvário, contemplando há dois mil anos a Humanidade e murmurando: Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário