16 de jun. de 2011

Diário de bordo: Carolina do Sul



Bob à porta de casa


É impressionante o que a gente consegue fazer pelos amigos....já passei fome, frio, paguei mico, mas a experiência com a Luciana foi mesmo de amargar, para ser bem literal. A Luciana, junto com outros três companheiros, formaram o meu grupo de intercâmbio nos Estados Unidos, um time, digamos, de sucesso, muito unido e amigo. Um dos termos do nosso compromisso com o Rotary Internacional fazia menção ao fato de não podermos ter nenhum envolvimento amoroso durante o período  em que estivessemos sob sua custódia. Mais ou menos o seguinte: estávamos lá para aprender e não para namorar. O problema é que a queridíssima Lu se apaixonou pelo simpaticíssimo Marvin, presidente do Rotary de Spartanburg...quem é que manda no coração? A Luciana não conseguiu. Por aqueles dias, morávamos as duas na casa de um adorável casal da terceira idade, Bob e Babe, que nos tinham como filhas ( "nossas filhas brasileiras", eles costumavam nos apresentar aos amigos).Ele, grandalhão, havia servido como piloto da força aérea americana na segunda guerra. Ela, pequenina, parecia uma dessas avozinhas que a gente tem vontade de abraçar e beijar. Eles eram muito queridos, davam-nos a maior atenção, eram cheios de cuidados como se fossemos duas adolescentes. Mas havia a questão Marvin-Luciana. Ela queria sair com ele, era de se esperar, estavam se paquerando, e tinha que ser bem escondido, afinal havia o compromisso com o Rotary... O problema é que as noites da primavera  americanas são lindas, perfeitas para o romance e Marvin convidou Luciana para um cineminha...Sair como? Como sair? Ora, ora, eu disse, diga que vai ao cinema com amigos, Bob e Babe não precisam saber que é com Marvin... simples, não é? Simplicíssimo se na hora de sair,  mamãe Babe não me fizesse a pergunta crucial: "why don't you go,dear? "Por que você não vai, querida???? Resposta na ponta da língua: "não, não, estou com uma dooooor de cabeeeeça!!!" Oh, my god! Começou um verdadeiro tornado dentro de casa. A velhinha saiu gritando o marido que a pobrezinha da Edninha estava doente, abriu um monte de armários a procura de remédio para dor de cabeça ( " não será gripe, honey, o pólen dessas árvores pode afetar o pulmão!"), colocou o pobre do Bob louco, pois não havia medicamento adequado em casa e fez com que ele saísse pela noite a procura de uma farmácia. Não houve meio de convencê-la de que eu estava apenas cansada, havia passado  o dia inteiro na escola estagiando, a semana fora de muito trabalho, uma boa noite de sono seria suficiente...nada a convenceu e lá se foi o pobre Bob comprar medicamento. Quando ele voltou, fui obrigada a engolir dois comprimidos de sei lá o que (não quis nem saber o que era) e ir para cama às nove da noite! Luciana, eu pensei, você fica me devendo esta. O que a gente não faz pelos amigos... Se valeu a pena? Veja a foto aí embaixo, cerca de um ano depois...sempre vale a pena, se a alma não é pequena, já dizia o poeta...

Advinha quem foi a madrinha?

 Bob e Babe


 

Foto oficial na manhã do casamento


Um comentário:

  1. Obrigada, Edna por me ajudar a relembrar de um momento tao especial em minha vida...sim...vou te dever esta para sempre...minha vida poderia ser completamante diferente hoje se aquele encontro nao tivesse acontecido...eunao teria me casado com o homem da minha vida e nao teria minhas duas filhas Amanda e Olivia...pequenos gestos podem ter grandes consequencias...boas ou ruins....no seu caso foi meio amargo no comeco, e peco desculpas....mas faria tudo de novo!!! Beijos!!!! Lu

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